Os melhores filmes de 2009 na opinião da equipe Incomunicável foram:

10 – Se Beber Não Case -The Hangover

9 – Férias Frustradas de Verão – Adventureland



8 – Arraste-me Para o Inferno – Drag Me to Hell



7 – Inimigos Públicos – Public Enemies

6 – Amantes – Two Lovers

5 – Star Trek

4 – Gran Torino



3 – Coraline e o mundo secreto



2 – Bastardos Inglórios – Inglorious Basterds

1 – A Fita Branca – Das Weisse Band

Não sou Deus nem nada, é apenas a lista dos que eu mais gostei.

de Igor Frederico

Top 10 de 2009 – Lucas Assis

10. Star Trek

9. Coraline

8. Zombieland

7. The Hangover

6. Les herbes folles

5. Public Enemies

4. Whatever Works

3. Adventureland

2. Inglourious Basterds

1. (500) Days of Summer

De Lucas Assis

Ainda faltam membros postarem, mas com o tempo agente atualiza o post com os tops deles.

Tubarão

23/11/2009

Jaws, 1975 – Direção: Steven Spielberg – Elenco:Roy Scheider,Robert Shaw,Richard Dreyfuss.

Um dos melhores filmes de um dos diretores mais famosos e mais queridos de todos os tempos.

Tubarão, pra começar tudo é o filme mais “toma na cara e vira macho” de Spielberg, talvez o único. Mesmo com toda a questão da família e tudo mais, aqui o velhinho simpático não nos obriga a chorar ou ficar tristes ou receosos, ele apenas faz o filme pela gratificação de fazê-lo, nada mais.

A história é bem simples e brusca, se pegarmos que depois dos créditos iniciais vemos uma moça morrer puxada pra baixo da água por alguma “coisa” enquanto um bêbado na encosta, que não sabe nem se está na praia ou em Las Vegas, não a escuta. Depois descobrimos pelos restos destroçados da moça que ela foi atacada por um tubarão dos mais enormes. Daí começa toda a bagaça.

O chefe de policia tem que tomar uma providência quanto a isso certo? Então decide fechar a praia, nada mais lógico. Mas o interessante é ver que o capitalismo decorrente do nosso mundo esta presente ali criticado pelos realizadores da película. Eles jogam como Raimi jogou recentemente em Drag me to hell toda a culpa dos acontecimentos seguintes na ambição exagerada dos personagens em querer mais grana. O prefeito rejeita o pedido do chefe de policia e não deixe que este feche a praia. Até porque, a cidade é uma cidade turística de verão que ganha dinheiro com os turistas que vão pra lá no verão. E fechar a praia é uma loucura mesmo, é melhor algumas pessoas morrerem comidas por um animal enorme do que a cidade perder um ano de dinheiro.

Spilba (vou chamá-lo assim ta, porque só o chamo assim) cria um dos maiores climões de suspense do cinema aqui, e tudo com um grande “nada” aparecendo nas cenas e amedrontando qualquer um. Sim, um nada. O nosso tubarão só vai aparecer realmente lá pra parte final do filme (final mesmo). Fora isso, Spilba cria uma atmosfera de medo e pânico poucas vezes alcançada depois disso. Na época as pessoas ficaram com medo de ir a praias por causa do filme.

Os atores estão arregaçando tudo e é legal comentar um momento de qual não me lembrava (ou talvez a sessão da tarde tenha cortado) no qual, o nosso chefe de policia querido está acabado diante da mesa do jantar e o clima é pesado de mais e nós sentimos toda a culpa que ele sente (afinal, foi esbofeteado na frente de quase toda a cidade por uma mãe que perdeu o filho mesmo com o chefe sabendo). E mesmo assim, mesmo nesse momento cru e triste, o filho mais novo do chefe o imita, sim cada gesto, o que torna a cena ainda mais clássica e honesta. O jovenzinho é todo o símbolo de que Spilba sempre buscou em seu cinema: família. Sim, e apenas com gestos imitando seu pai o jovenzinho consegue transmitir tanto que nem eu aguentei ver a cena toda sem parar um pouco. Carga dramática e humorada ao mesmo tempo transcendendo o normal em um dos primeiros filmes do cara foi foda.

A cenas eternas de mais, desde a primeira morte, passando pelos ataques do tubarão, pela apresentação do Quint, vindo pelas cenas de aventura no barco até chegar na morte clássica e eterna do tubarão com um tremendo “smile, you sun of…”(“sorria, seu filho da…”), seguido da explosão do protagonista.

É folks, o protagonista é o tubarão, querendo ou não.

Mas o filme é tudo o que todos os fãs dizem mesmo, e eu sou um deles, portanto, vão e vejam se é que ainda há alguém vivo que nõ tenha visto. A única coisa ruim foi não ver com a dublagem clássica da sessão da tarde. Se tivesse ela no dvd eu nem fazia questão de ver legendado, sério, traria uma nostalgia da porra. Mas como foi redublado para quem não curte ver legendado e é besta por isso, no dvd não tem mais a versão da sessão da tarde.

Filme foda, um dos melhores do Spilba junto com Jurassic Park e Indiana Jones, e que tem um dos enredos mais fantásticos que já vi. Comentar também sobre a trilha sacana de John Wlliams que com apenas duas notas crescentes faz meu coração vibrar de tensão até hoje. Pois é, da fotografia aos enquadramentos inteligentes e surpreendentes (me espanto com algumas angulações que Spilba filmou no barco) à trilha sonora o filme se dá bem em tudo, inclusive no fazer divertir e ter medo, que é seu maior objetivo, ainda mais sendo o primeiro grande blockbuster que os EUA já viram em seu verão.

5/5

O ano não tá lá muito foda de trilhas e por isso, ficou fácil escolherem os dois melhores scores até aqui. Pra começar, esses dois scores me deixaram de boca aberta, tanto pela surpresa como pela qualidade magnífica. Enfim, desde já aviso que são duas obras-primas incontestáveis que só cego não vê. ou escuta, sei lá. Pra começar. . .

Drag me to hell – Christopher Young

Drag Me To Hell [2009] Soundtrack OST - FRONT

O score é mais do que fantástico e “mágico”. Sim, por mais idiota que essa colocação pareça, a “magia” dentro da trilha está em todo o cerne de sua composição, principalmente baseada, acho até que claramente, em trilhas dos filmes do Tim Burton, feitas pelo master Danny Elfman, que tem seu grande estilo mágico/nostálgico/épico e com cordas que arrepiam.

Young Começa o score arregaçando tudo com sua maravilhosa, arrepiante e linda música tema, Drag me to hell. Daí pra frente a coisa toda se equivale ao filme, não só o ajudando em muitas cenas, como sendo praticamente toda a música as cenas em si. Essa música tema traz sons ressonantemente assustadores logo em sua entrada e um violino temeroso e arrepiante no seu esqueleto, simplesmente obra-prima de Deus.

Em Mexican devil desaster e seu coral mais que amedrontador e arrepiante, Young mata toda a rapidez e empolgação da primeira música e transforma tudo em uma calma esperada por Raimi na cena em que a música se passa, depois temos um crescente silencioso e tudo culmina em uma agonizante sinfonia da morte, que mesmo assim torna com os seus violinos sombrios, só que mais tranquilizados.

Tale Of A Haunted Banker é tranquila principalmente por mostrar a jornada diária da protagonista, que tem sonhos e ambições. Os acordes compostos por Young em seu piano dão justamente esse tom de esperança e sonhos por que ela passa, sem nunca esquecer como é tudo monótono em seu dia.

Lamia foi composta pra mostrar o que é o demônio retratado no filme em forma de música. E a música acaba tendo toda uma introdução dos infernos (literalmente) com um coral filhadaputa e encerrando em um dos melhores acordes de todo o score, com violinos e o ar de Elfman citado acima.

A silenciosa Black Rainbows(silenciosa inicialmente), tem apenas pequenos barulhos onde uma espécie de sopro encabeça os primeiros um minuto de faixa e que arrepiam tudo no corpo. Depois tem um crescente que mantêm a regularidade defendida pelo compositor e culmina numa barulheira espetacular onde proporciona À Raimi uma maravilhosa cena.

Ode To Ganush retrata um arrepio da personagem quando se relaciona com a velha do filme. Temos a mesma regularidade que Young opta em dar as faixas para não ser pretensioso de mais, mas temos rangidos de violinos periodicamente que a transformam em outra faixa única, com o soar de um piano ao fundo em determinado momento e silenciosos momentos finais.

Outra musica ligada a protagonista e suas paragens diárias, Familiar Familiars mantêm a mesma melancolia esperançosa contida Tale Of A Haunted Banker, só que com mais tristeza e vazio, justamente pelo acontecimento irônico/cômico da cena em que se passa, o que Young e Raimi fazem muito, é ironizar as musicas com o que acontecerá, o que torna o score ainda mais magnífico, ao projetar sempre o inverso do que o filme propões e ainda sim, causar esse efeito contrário em algumas pessoas.

Loose Teeth, quietinha na sua, contêm um coral assustador e fantasmagórico que após uns minutos se revela uma composição surpreendente grandiosa e com a barulheira feita por Young para angariar medo ou não-medo da platéia. Maior faixa do score.

Tranquila e com ar inicial de “sleepy hollow“,Ordeal By Corpse tem o coral feminino e amedrontador que persegue a trilha, aqui se vê claramente mais nostálgico e bonito conforme a composição vai crescendo e se intensificando como faixa única e linda de se escutar do score, uma de minhas preferidas.

Bealing Bells With Trumpet, só de fazer meu estômago revirar em um ápice que dá no seu decorrer já merece destaque.

Brick Dogs Ala Carte é a faixa mais curta e traz o piano melancólico mais esperançoso novamente com algumas variações mínimas e se destaca mais por parar toda onda amedrontadora que o score seguiu.

Voltamos com o violino tema em Buddled Brain Strain que vai além e se trasforma fudidamente bem com uma rapidez angustiante e nem menos atraente de se ouvir que ultrapassa a maioria das faixas por trazer junto um compassado som com instrumentos de sopro e sons secos que crescem e dão lugar à sonso necessários para obter “medo” e retorna a uma bela e compassada composição em seus últimos segundos.

Auto-Da-Fe é a melhor faixa de todas. Nem posso dizer muito, introdução fudida, variação do tema principal da forma mais esperta usada até esse momento no álbum, instrumentos diversificados e que se unem sem temor formando o ar nostálgico novamente com um fundo com uma espécie de “ar” passando só nas pessoas que realmente amam Danny Elfman. Agressiva, equilibrada, sem querer ser eterna e por isso acaba que sai destruindo tudo do meio pra frente e amplia seus ares em uma sinfonia dolorosa e movimentada.

Concerto To Hell, é outra das melhores e traz o tema “violinistico” em expansão e com toda sua agressividade que termina em pratos e um coral tranquilizador e de dar calafrios. Encerrando aí o score, ouvindo ele separadamente do filme, temos a certeza de que uma obra-prima das grandes, do mundo do real terror (mesmo sendo trash é o melhor terror dos últimos anos), que faz qualquer um escutar e querer rever o filme. Lindo! Arrepiante! Irônico! FODA!

5/5

Star trek – Michael Giacchino

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A melhor, a mais linda, a mais bem composta, a mais emocionante, a mais épica das trilhas dos últimos tempos.

Pra começar é composta pelo melhor compositor de scores da atualidade, Deus, Michael Giacchino. (Sim, o considero melhor que o Marianeli e o Santaolalla). O cara ta arregaçando em tudo. Pra começar, os melhores scores da década são dele, e o mais assustador, de uma série televisiva. Em Lost, Giacchino faz o melhor trabalho clássico da década. Ouçam os scores, as músicas separadas, os especiais, tudo que for dele e prestem bem atenção. Mas o mais importante é observar a trilha vendo os episódios. É a maneira que mais vai funcionar para comprovar o talento desse cara que me assusta. Quando ele quer me fazer chorar sempre consegue, me amedrontar também, me angustia, o mesmo, e por ai vai. Poucos compositores da nova safra fazem isso comigo. (talvez só Thomas Newman, e acho que nem é da nova safra.)

Vamos logo ao score. Star trek inicia toda a trilha com uma introdução em meio aos primeiros créditos do filme, que acaba por ser simplista e quase não notada, mas que é maravilhosa se ouvida junto a toda a trilha.

Quando vemos pela primeira vez a nave Romulana saindo de um buraco negro, ouvimos Nailin’ The Kelvin, que retrata justamente a ação que acontece nos poucos minutos de embate direto filmado por J.J Abrahams que compõem um faixa agressiva e direta até de mais por ser ligada a uma cena que também sai direto dos créditos para uma ação desenfreada logo de início, e Giacchino minha gente, sabe das coisas e só melhora ainda mais a grandiosa cena.

Minha faixa preferida vem logo adiante. Labor Of Love, traz a maiore qualidades de Giacchino pra mim: quando visto em uma cena triste a capacidade que o cara tem de me tocar e emocionar. Muitas cenas em Lost, me emocionei quase que 80% só por causa da música do cara, mestre de mais. Aqui, Giacchino traz uma de suas faixas mais bonitas (mesmo com as belas maravilhas de Lost). Mas também, a cena não podia ser melhor para que Giacchino fudesse com meus sentimentos: A morte do pai de Kirk e seu nascimento. Morte e vida, tudo junto. Pois é, escute e se emocione com a mais bela faixa de Giacchino em todo o score.

Hella Bar Talk começa com sons característicos do compositor e se transformam em uma grande e intensa faixa bonita com acordes magníficos e de certa forma melancólicos. Só que quando unidos a cena são visto de formas totalmente diferentes. Esperançosos e corajosos.

Enterprising Young Men vêm como tema principal e mais que isso, faixa grandiosa e que não precisa de milhares de minutos para isso. Temos uma compassada de dar tesão no finalzinho e é uma das mais maravilhosas faixas de todo score. ( que tem muitas maravilhosas faixas).

Nero Sighted, começa pesada, mas nem tanto. É muito tranquila de se escutar e mais que maravilhosa, traz o tema dos Romulanos e sua nave mas com toda uma nova cara que Giacchino emprega tranquilamente e acaba tronando-a eterna.

Nice To Meld You é outra que só dá gosto ouvir, por mais que pareça simples, o cara desconstrói todos os modelos de trilhas em que estávamos acostumados hoje em dia, e traz uma r épico novo que deixa seu score mais e mais atraente.

Run And Shoot Offense vem com ar inicial que lembra algumas musicas de wall-e, e que parecem ser semelhantes por justamente ser uma nova regra aser seguida na composição de trilhas espaciais hoje em dia. Tem um final totalmente diferente do inicio e tem um climão próprio e maravilhoso.

Em Does It Still Mcfly Giacchino começa com sua melancolia única e nos tranquiliza com a própria música se transformando em algo que agente não imaginava. É mais lenta, mais linda, e mesmo assim traz um dos temas principais em uma variação crescente e contagiante dado o início dela.

Nero Death Experience traz um coral a trilha da franquia que não é muito acostumada a isso. E só da pra chegar a uma conclusão, animada e focada em seu personagem tema, acaba se juntando as mais grandiosas faixas do álbum.

Nero Fiddles, Narada Burns é mais um tema dos vilões que é tida como fraca pela maioria. Na verdade, todas as faixas em relação aos Romulanos estão sendo criticadas como sendo do tamanho do personagem, ou seja, pequeninitas. Mas não é bem assim, separadamente escutadas e até mesmo sem ao menos saber o título das faixas dos Romulanos percebe-se claramente variações nada convencionais e pesadas que se sobressaem a maioria das trilhas temas de vilão dos últimos tempos aí. Só que como todas Romulanas, essa faixa traz outra variação do tema com o seu ar vilanesco e nada ridículo em um tom de ação eterno.

Back From Black chega como um sopro, contida e aumenta se transformando no tema variado com pingos de mais grandiosidade sem pretensão, e mesmo assim é uma das mais rápidas de todo o score.

Outra faixa tocante é a That New Cat Smell. Nossa, maravilhosa de mais, ouvindo se tem um melhor percepção disso. Tem uma espécie de coral dissonando com um som tranquilo e melodicamente triste saindo celos com tons tocantes unidos a esse som.

To Boldly Go foi criada apenas para satisfazer nós fãs, com a frase eterna da série que dessa vez é pronunciada por Leonard Nimoy, o que faz ninguém perceber na música de fundo é claro. Mas ela é bem sincera e deixa aquele ar da trilha clássica da série, que culmina na variação do tema de abertura da mesma para End Credits. A melhor faixa de todo o score. Não só por conter essa variação mas por ser a maior e com mais tempo para subir,descer, acelerar, tocar, animar, emocionar. Uma pena que quem não tem o score ta trilha não veja os créditos finais por inteiro e contemple essa obra-prima!

5/5

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Drag Me to Hell, 2009 – Direção: Sam Raimi – Elenco:Alison Lohman,Justin Long,Adriana Barraza.

O melhor exemplo de que Raimi nasceu foi pra fazer podridão e não filmes de ação para adolescentes.

Drag me to hell não brinca com clichês, mas sacaneia todos existentes em filme de terror e de qualquer gênero. É desde já, o filme mais sacana do ano. Humilha qualquer diretor de terror contemporâneo e ainda o faz pedir penico. Faz uma critica tão perfeita aos novos filmes do gênero que lembra alguns filmes do Carpenter onde até hoje as pessoas não enxergam além da “diversão” que há no filme . Raimi vê aqui, e às vezes parece que são só pra isso, apenas para deixar seu protestos as grandes merdas que saem a cada semana nos cinemas e transformaram todo o imaginário de terror que mestres como Dario Argento construíram com tanto empenho. Raimi sabe que não é culpa dos jovens gostarem desses lixos, mas culpa de quem faz, uma ótima qualidade no diretor, que acaba por não ser preconceituoso e sim justo. Portanto, ao ver Drag me to hell prepare-s, ainda mais se você for um desses jovens, a ver um material que ridicularizará tudo que é tido como terror de hoje.

O cara não conta uma história, mas cria pretextos pra formara uma. Uma mulher comum, como qualquer outra, trabalha em um banco e sonha em subir de cargo como qualquer pessoa normal e comum deseja em seu trabalho. Essa é a maior ambição de sua vida. Tem um namorado rico e seu único impedimento na vida é um colega novo de trabalho que também luta pela mesma promoção que ela. Ela tem um gato e é vegetariana. Só isso que você precisa saber da protagonista. O resto não vai ajudar muito a descobrir sobre quem ela é. A não ser pelo fato de ela ser muito boa ou meiga se preferir com seus clientes e por isso, talvez, ainda não ter sido promovida.

Num belo e comum dia de trabalho, nossa protagonista se depara com uma velha nojenta e sem um olho te pedindo um prolongamento de seu empréstimo. A velha é muito nojenta mas parece ser uma boa pessoa e isso faz o coração da protagonista se abrir um pouco. Ela então decide verificar com seu chefe se pode dar o tal prolongamento e acaba recebendo a noticia de que ela tem que decidir, afinal é uma decisão ruim, e como o ultimato que ele tinha dado pra ela antes, o novato tinha chances de ser promovido porque não tinha medo de acatar decisões difíceis. A protagonista é “comida” pela ambição e esquece da velhinha bondosa e carente que lhe pedira o prolongamento, e acaba negando o pedido da senhora que chega a implorar para a moça que envergonhada com as pessoas envolta acaba derrubando a senhora que se revolta com isso e quase estrangula a moça do banco.

Pronto. Daí você pode se preparar para todo o tesão que você vai sentir ao ver as outras sequencias com que Raimi nos abençoa. Primeiramente temos uma abertura para o filme onde nos dá a idéia do que acontecerá de fato na história. O “espírito” aparece leva um moleque qualquer pro inferno e uma vidente revoltada quer vingança por não tê-lo vencido.

Voltando pro cerne da produção, depois que a moça nega o empréstimo pra velha o inferno começa para a pobre coitada da protagonista, apenas mais uma pessoa por ai. A velha amaldiçoa Christine (protagonista) e fode com tudo da vida da moça depois disso. Isso tudo mostrado na cena mais clássica do ano. Antologicamente filmada por Raimi que tem timing cômico e sacanagem de sobra pra demonstrá-los a nós.

Depois que a maldição é lançada, ou pra ser mais exato, do momento em que ela é lançada pra frente o filme nos banha com cenas e mais cenas antológicas e divertidas de se ver. Sem nunca perder seu objetivo: ser trash e fuder com o cinema de terror de hoje. Na cena da briga no carro, por exemplo, Raimi demonstra toda sua revolta por meio do lenço da senhora Ganush (a velha). Lentamente, depois de ter construído todo um clima em cima do estacionamento onde Christine está indo a caminho de seu carro, o lenço da senhora Ganush se movimenta e desaparece, por alguns segundos e logo depois reaparece em um enorme estrondo unido a música. O que tem de mais nisso? Nada. Mas se você observar bem 99% das pessoas que estão vendo ao filme já sabe que o lenço vai fazer um barulhão quando aparecer de novo. Aí está que merda é essa? Onde todas as pessoas sabem o que ocorrerá e ainda sim se assuntam, como? Nossos bons mestres do “novo terror” sabem o porquê. As pessoas já tem um imaginário clichê e sabem de todos os momentos que vão levar um susto, mas mesmo assim o levam porque, afinal, não há outra coisa pra ver. Escolher ver um terror hoje em dia é o mesmo que se obrigar a levar sustos. É uma espécie de autoflagelação mesmo. E apenas com um lenço feito podremente em CGI Raimi mostra o tanto que as platéias estão treinadas e não ri delas, mas acha triste.

Raimi também encharca sarcasmo ligado ao seu protesto sobre o capitalismo. E o melhor, todas as cenas ligadas ao capitalismo são engraçadas, não ridículas. Só pra citar uma, quando Christine decide tomar uma decisão ruim, ela olha pra mesa da “vice gerente” e uma música romantizada soa no fundo o que remete a todo um imaginário ambicioso do mundo de hoje. O filme é totalmente anticapitalista e cheio de criticas o tal sistema. Da primeira a última cena , nossos personagens se ligarão ao dinheiro e como isso mudará suas vidas. Aliás, é por causa de uma ambição capitalista que Christine “vai” para o inferno. Talvez isso seja uma questão mais ampla, ou apenas uma mensagem de estarmos sempre no inferno em meio a desgraças justamente por causa de nossas ambições e dinheiro em caixa.

Só preciso falar, que a trilha é a melhor do ano(até agora) e que tem um ar nostálgico, principalmente por lembrara as trilhas dos filmes de Burton e não se prender ao “real” terror. é sério, a trilha se prende ao diretor e fode com os clichês em igual dando sempre tons propositais ou sacanas para as cenas. Maravilhosa, quem tiver oportunidade ouça separadamente o score.

Não chega a ser um filme que atravessa barreiras, pois se prende apenas na proposta e larga qualquer possível pretensão pelo caminho. É apenas o que é, e tem um ritmo meio legal, mas correto, o que talvez atrapalhe.

Já ficou grande de mais o post e eu vou encerrá-lo logo pra vocês não ficarem com tédio. O filme é um “Vai se fuder” aos filmes medíocres que não conseguem nem sequer ser trashes e que fazem tanto eu como você ou Raimi ficarmos com enjôo e sermos preconceituosos com os pobres jovens que apenas foram domados por uma década inteira a pensar que terror são os filme que assistem, e que medo é o que o barulho da trilha faz.

3/5